Ato no Rio reúne 100 mil, começa em paz, mas minoria provoca confusão
Alguns manifestantes invadiram o prédio da Alerj e jogaram bomba.
Mais de 20 pessoas, entre PMs e participantes, ficaram feridas em ato público.
Manifestação transformou o Centro do Rio numa praça de guerra (Foto: Tasso Marcelo/AFP )
(A inprensa acompanhou em tempo real a manifestação, em fotos e vídeos: veja aqui.)
Um grupo menor com camisetas amarradas no rosto ateou fogo e depredou prédios históricos, como o Paço Imperial e a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Pelo menos 27 pessoas, entre manifestantes e policiais, ficaram feridos. Durante o tumulto, cerca de 80 PMs se refugiaram no prédio da Alerj. O grupo saiu apenas com a chegada do Batalhão de Choque. Uma tropa da PM vai reforçar a segurança do prédio durante a madrugada.
Os sete baleados por arma de fogo foram levados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Duas das vítimas foram identificadas como Leonardo Costa da Silva e Leandro Silva dos Santos, este liberado ainda na noite de segunda. Ambos foram atingidos na perna. Uma terceira vítima de um projétil não teve a identificação autorizada pela família. Os outros nomes não foram informados pela Secretaria municipal de Saúde.
Tiros e violência
Às 19h55, um pequeno grupo começou a jogar pedras em direção aos policiais militares, que revidaram com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Com o avanço inicial da PM, a multidão recuou. Quando a fumaça de gás baixou, o pequeno grupo avançou violentamente contra os policiais, que se refugiaram nas escadarias da Alerj. Além de pedras, o grupo atacou com fogos de artifício e coquetéis molotov.
Acuados e aparentando estar sem munição, os policiais entraram na Alerj e tentaram bloquear a entrada do edifício com os escudos. O pequeno grupo avançou, carregando as grades móveis, que serviam de proteção ao prédio da Assembleia Legislativa. Atos de vandalismo, como a queima de automóveis, pichações em pilastras do Paço Imperial e da Alerj, invasão e saques de estabelecimentos seguiram à ação. O clima de tensão foi agravado com disparos de arma de fogo. Policiais Militares atiraram para o alto.
Conflitos esporádicos continuaram a ocorrer, até que às 23h40, o Batalhão de Choque chegou com o efetivo de 100 PMs para dar fim à manifestação. Antes da chegada do Choque, apenas 150 policiais do 5º BPM faziam a segurança da manifestação.
Durante o protesto, as principais ruas do Centro ficaram interditadas. Os manifestantes ocuparam as ruas 1º de Março e Araújo Porto Alegre, além das avenidas Rio Branco, Presidente Antônio Carlos e Presidente Vargas. Artefatos foram jogados na garagem do edifício e terminal rodoviário Menezes Côrtes.
A estudante de Ciências Sociais, Júlia Vieira, de 19 anos, criticou a atitude do pequeno grupo de manifestantes que fez uso da violência. "Ontem, eu vi manifestantes feridos, mas hoje o que eu vi aqui foram policiais feridos. Nao é destruindo a cidade que a gente ama, que vamos conseguir alguma coisa. A gente quer mudanca na política. Essas pessoas não me representam. Quem me representa é quem quer o bem do Rio, sem violência", disse a jovem.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Paulo Melo (PMDB) classificou como "ato de terrorismo" a invasão de manifestantes à sede da assembleia. "Uma baderna, uma bagunça. Quanto um ato agride ou coloca pessoas em risco, deixa de ser democracia para virar uma anarquia", declarou Melo.
Início do protesto
Um grupo iniciou o quinto protesto contra o aumento de tarifas de ônibus por volta das 17h desta segunda-feira (17), na igreja da Candelária, no Centro do Rio de Janeiro.
Além do aumento de R$2,75 para R$ 2,95, os manifestantes também reclamam contra os gastos públicos com a Copa do Mundo. De acordo com especialistas da Coppe/UFRJ, às 19h27, cerca de 100 ,mil pessoas participavam do ato. A informação foi dada pelo RJTV. Até este momento, o protesto era pacífico. Manifestantes vestiam camisas brancas, pedindo paz.
Às 18h15, manifestantes passavam pela Avenida Rio Branco próximo ao Largo da Carioca
Manifestantes marcham no Centro com a faixa:
"Somos a rede social"
"Somos a rede social"
Muitos comerciantes fecharam as lojas para dar passagem aos participantes do protesto. Pessoas prestavam apoio ao protesto do alto de edifícios comerciais jogando papel picado. Nas ruas, participantes do ato gritavam "Cabral é ditador". Às 18h, o protesto ocupava quatro quadras da Avenida Rio Branco. Às 18h15, o grupo passava pela Avenida Rio Branco, na altura do Largo da Carioca.
Manifestante segura cartaz com imagem do
governador do estado, Sérgio Cabral, vestido com
uniforme nazista
governador do estado, Sérgio Cabral, vestido com
uniforme nazista
Às 19h40, a polícia colocou grades nas portas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Os agentes ficaram enfileirados na porta da Alerj, enquanto recebiam vaias dos manifestantes.
Vista aérea da manifestação na região do Theatro
Municipal do Rio
Municipal do Rio
Às 20h20, um carro foi virado e incendiado na frente da Assembleia Legislativa do Rio. O presidente da Alerj, Paulo Melo, classificou como "ato de terrorismo" a invasão de manifestantes à sede da assembleia, de onde PMs usam armas não-letais contra manifestantes. "Uma baderna, uma bagunça. Quanto um ato agride ou coloca pessoas em risco, deixa de ser democracia para virar uma anarquia". Manifestantes quebraram vidraças e picharam as paredes do paço Imperial e derrubaram uma placa de sinalização.
Manifestantes picham vidro pedindo a saída do
governador do Rio, Sérgio Cabral
governador do Rio, Sérgio Cabral
Às 18h45, houve um princípio de tumulto em frente ao Theatro Municipal entre os próprios manifestantes. Outros gritavam "Sem violência" e "Fora", para uma pessoa que criou a confusão. Na Rua Araújo Porto Alegre, uma pessoa pichou os vidros de uma agência bancária. Os manifestantes vaiaram e pediram “Sem violência”.
Trânsito na Avenida Presidente Vargas
(Foto: Reprodução/ CET-Rio)
(Foto: Reprodução/ CET-Rio)
Às 17h20, o cruzamento da Avendia Rio Branco com a Avenida Presidente Vargas foi fechado pelos manifestantes. Duas pistas foram bloqueadas e o trânsito foi interditado pelos participantes do protesto. Às 17h25, o grupo entrou na Avenida Rio Branco e tomou a via. No mesmo horário, o cruzamento continuava interditado.
Às 19h30, a Avenida Presidente Antonio Carlos estava completamente interditada ao tráfego. A Avenida Rio Branco, a Araújo Porto Alegre e a pista lateral da Presidente Vargas, sentido Candelária, a partir da Avenida Passos, continuavam interditadas ao tráfego pelo mesmo motivo.
PM cercou a Alerj e foi vaiada pelos manifestantes
De acordo com o Metrô Rio, algumas estações do Centro do Rio sofreram alterações nos acessos de embarque e desembarque. Por volta das 18h30, o único acesso aberto da estação Cinelândia era perto do cinema Odeon. Na estação da Carioca os acessos do Convento e da avenida Chile estavam fechados no início da noite, segundo a companhia.
Avenida Presidente Vargas foi liberada ao tráfego no sentido Praça da Bandeira, na altura da Candelária, por volta das 18h. De acordo com a Prefeitura, o trânsito era intenso na via. No entanto, a pista central da via permanecia interditada neste mesmo horário.
Tapumes foram colocados no Hotel Windsor, no
Centro, para evitar depredação
(Foto: Fábio Santoro/ Arquivo Pessoal)
Centro, para evitar depredação
(Foto: Fábio Santoro/ Arquivo Pessoal)
Reforço da PM
A Polícia Militar, além do policiamento normal, 150 PMs do 5° BPM (Praça da Harmonia) disse que iria reforçar a segurança durante a manifestação no Centro. Por volta das 16h, a PM informou que não havia previsão de atuação do Batalhão de Choque (BPChq).
Advogados
Uma comissão de aproximadamente 20 advogados da OAB-RJ acompanha os manifestantes. Marcio Donnic é um deles e afirma que está ali para garantir o direito de defesa caso ocorram detenções. "Não fazemos parte do protesto, estamos aqui para atuar somente se necessário". Cerca de 60 advogados fazem plantão em delegacias da região central.
Até as 19h40 nenhuma ocorrência havia sido registrada pelo plantão jurídico da OAB. Os advogados da ordem se colocaram à disposição de manifestantes que se sintam vítimas do excesso de força de agentes oficiais. O telefone é (21) 7825-2182.
Jovem critica o alto preço das passagens de ônibus, metrô e trem no Rio (Foto: Mariucha Machado/G1)
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