domingo, 19 de janeiro de 2014


19/01/2014
às 15:09 \ Comunismo, Socialismo

Maduro custa US$ 2,5 milhões por dia aos venezuelanos. Ou: Como o socialismo custa caro


 Presidência de Maduro custa US$ 2,5 milhões por dia a país com recorde de inflação e desabastacimento
Ele gosta de dormir na suíte japonesa do Palácio Miraflores, conjunto arquitetônico de 130 anos no centro de Caracas, sob a mira de um velho canhão instalado a cinco quilômetros de distância, no alto da colina onde fica o suntuoso sepulcro do antecessor – “o gigante”, apelidou.
Quando acorda, é recebido por um séquito de guarda-costas. Em viagens, costuma ter 120 pessoas na comitiva, inclusive provadores de comida, técnicos em explosivos e médicos com especialização até em epidemiologia.
Em maio passado, por exemplo, passou 72 horas no circuito Buenos Aires-Montevidéu-Brasília. O périplo custou US$ 1 milhão, o equivalente a despesas de US$ 13.800 por hora, em hotel, comidas, bebidas e compras variadas. Bloqueou andares inteiros de hotéis de luxo (42 apartamentos só para guarda-costas) e alugou suítes a US$ 4,5 mil por dia. Nas conversas com os presidentes Cristina Kirchner, José Mujica e Dilma Rousseff, ele pediu crédito para comprar alimentos, cada dia mais escassos nas prateleiras dos mercados venezuelanos.
Assim é o socialismo do século 21, muito parecido com aquele do século 20. Uma casta poderosa, em nome do povo, da justiça social e da igualdade, vive como os mais ricos magnatas capitalistas, com a diferença de que não criaram riqueza alguma para a sociedade, apenas tomaram o que os outros criaram.
A igualdade socialista é aquela de todo o povo na mesma miséria, e a “nomenklatura” desfrutando do que há do bom e do melhor, que só o capitalismo pode oferecer.
Na nossa social-democracia populista não é tão diferente assim. Quem lembra de Lula, o “homem do povo”, usando até carro oficial só para transportar sua cadela? Ou dos tecidos egípcios importados pelo ex-metalúrgico? Ou do luxuoso avião novo comprado em seu governo? Brasília tem uma das maiores rendas per capita do Brasil, tudo em nome do combate à desigualdade. Em The Ethics of Redistribution, Bertrand de Jouvenel diz:
A ingrata brutalidade dos reis em direção aos financiadores que os ajudaram sempre ganhou os aplausos populares. Isso talvez esteja relacionado ao profundo sentimento de que indivíduos não têm direito de serem ricos por eles mesmos e para eles mesmos, enquanto a riqueza dos governantes é uma forma de gratificação pessoal para as pessoas que pensam neles como o ‘meu’ governante.
Jouvenel mostra com sólidos argumentos como a inveja pode estar por trás das políticas de redistribuição de renda por meio do aparato estatal. Ele cita um exemplo dos comunistas franceses que deram caros presentes para seu líder, aparentemente indo contra os próprios valores comunistas, explicando que as pessoas têm sido mais generosas com aqueles que julgam melhores e com seus líderes.
O burguês apresentaria duas convicções básicas que diferem desse sentimento popular: sente que não deve sua riqueza a favores e se considera livre para gastá-la consigo mesmo, da forma que preferir, normalmente secreta. É precisamente o reverso da atitude que justificaria uma renda excepcional sob a ótica popular. O povo quer sentir que essa renda é um presente dele, e quer demandar que os beneficiários façam um espetáculo de gala.
Por isso que o empresário que compra um iate é menosprezado, enquanto um presidente que vive no luxo, com roupas caras feitas de tecido egípcio, carro próprio para a cadela e viagens com avião novo, é admirado. Mesmo que seja um ex-operário eleito com o discurso de redução da desigualdade material.
Quando o príncipe Felipe de Borbón e Letizia Ortiz se casaram, o evento contou com a mobilização de mais de 17 mil policiais e 200 atiradores de elite, que ajudaram na segurança, custando aos cofres públicos uma quantia estimada entre 6 a 8 milhões de euros. Segundo a imprensa espanhola, o custo total do casamento superou os 20 milhões de euros. Uma união entre dois indivíduos acabou se tornando um espetáculo público, financiado pelo bolso dos “contribuintes”.
O povo, ainda que forçado a pagar pela festa, aplaude o espetáculo. Mas não faltariam críticas ácidas se um empresário pagasse do seu próprio bolso por uma festa milionária fechada. Seria acusado de fútil, insensível, e esfregariam na sua cara toda a miséria existente à sua volta, ainda que ele não tenha culpa dela.
Esse é o típico sentimento de inveja que alimenta governos populistas e o socialismo. Na América Latina, encontra-se terreno mais fértil para esse tipo de demagogia. A Venezuela é apenas o caso mais avançado da doença. Vive na miséria, na violência, na escassez, enquanto o governo socialista vive como um nababo, sob os aplausos dos inocentes úteis.