domingo, 5 de janeiro de 2014


Politica


PMDB lançará candidato ao Governo e o PT ao Senado


Fundador e uma das principais lideranças do PT no Estado, o deputado Fernando Mineiro não tem mais dúvidas sobre os rumos do partido para as eleições de 2014 no Rio Grande do Norte: o caminho é seguir a orientação da direção nacional da legenda e isso significa formar uma aliança com o PMDB para apoiar o candidato a governador dos peemedebistas. Nessa coligação, caberá ao PT, segundo Fernando Mineiro, a vaga do candidato ao Senado. “Está acertado que o PMDB, aqui, lançará candidato ao Governo e o PT, ao Senado”, afirma. O nome mais provável para essa candidatura a senador, também por recomendação dos dirigentes nacionais petistas, é o da deputada federal Fátima Bezerra. Mineiro afirma que em uma eleição como a de 2014, na qual estará em disputa a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, a estratégia nacional prevalece e caberá ao PT no Rio Grande do Norte cumprir as orientações que serão definidas nas articulações em Brasília. O que não está definido é a qual mandato o próprio Mineiro concorrerá. Ele prefere a reeleição, mas não descarta a alternativa da Câmara dos Deputados. O deputado considera que hoje o PSB da ex-governadora Wilma de Faria é um partido adversário do PT. Veja a entrevista que o deputado estadual do PT concedeu sobre esses assuntos, sobre as divergências internas da legenda e sobre a política nacional.

Deputado afirma que o RN passa por uma das mais difíceis situações administrativas da história do Estado e precisará de uma longo período de recuperaçãoDeputado afirma que o RN passa por uma das mais difíceis situações administrativas da história do Estado e precisará de uma longo período de recuperação

Durante as eleições internas, para presidente estadual do PT, houve troca de acusações graves com denúncias de “brejeiras”. Houve divergências insuperáveis?
Isso não chegou a 2014. Está superado dentro do PT. Tivemos divergências e diferenças públicas em relação ao Processo de Eleição Direta do partido. Mas isso está resolvido inclusive pela Direção Nacional do PT [com a homologação da escolha de Eraldo Paiva para ser o presidente estadual]. Então não tem mais problema.

Mas há insatisfações internas?
Não. Isso é uma questão de legitimidade do processo eleitoral, que foi reconhecido. Não tem mais aresta em relação a isso agora que a eleição [estadual] foi reconhecida pelo Diretório Nacional.

As diversas correntes internas foram contempladas?
As eleições do PT funcionam por proporcionalidade. Então para quem está fora [do partido] às vezes fica difícil entender. Se uma chapa tem 40% dos votos, garante esse percentual dos cargos. Não há hegemonismo no partido, mas sim proporcionalidade. Então, tivemos duas chapas, uma teve entre 51% e 52% dos votos e outra entre 48% e 49% da eleição estadual. Portanto, está resolvido. Cada uma fica com os membros da direção de acordo com a votação que teve.

As divergências foram anteriores às eleições internas?
Sim. As discussões não começaram no PED. Claro. Os debates fazem parte da História do PT. Nós temos diferenças. Somos muitos unidos quando o PT decide uma coisa, mas temos posições diferenciadas internamente. No entanto, sempre que o PT decide, vamos juntos. Assim será em 2014.

Mas nesses processos foram usados termos muitos fortes: denúncias de irregularidades entre correntes internas...
Aconteceram tentativas de manipulação da eleição. Tanto que a direção nacional decidiu anular o processo nas cidades na quais houve irregularidades. Mas o importante é que isso está resolvido e só persiste na cabeça da imprensa que insiste no assunto.

O senhor e a deputada Fátima Bezerra já conversaram depois desses episódios e das trocas de acusações?
Sempre conversamos sobre as questões do PT. O partido tem seus fóruns. Fátima [Bezerra] esteve na posse de Eraldo [Paiva, presidente estadual do PT]. Não tem nenhuma querela.

Foi retomado o diálogo com os demais partidos potenciais aliados do  PT sobre a eleição de 2014?
Em relação ao Governo e ao Senado, há uma decisão nacional. Nós, no Rio Grande do Norte, vamos seguir a decisão nacional. Essa decisão, no momento, é para formação de uma aliança com o PMDB. É isso que estamos discutindo. A direção nacional tem tratado isso com o PMDB. O PT tem tratado com o PMDB do palanque nacional. Está acertado que o PMDB, aqui, lançará candidato ao Governo e, o PT, ao Senado. É isso que está conversado e comunicado, nacionalmente. Isso está sendo deliberado. Vamos seguir essa decisão, até porque a eleição é no Brasil. Então, o Rio Grande do Norte e outros estados entram no contexto nacional das alianças. E, no Rio Grande do Norte, a decisão da direção nacional é encaminhar com a candidatura ao Governo pelo PMDB, apresentando a candidatura da Fátima [Bezerra] ao Senado.

E o PT do Rio Grande do Norte acata essa orientação com tranquilidade?
Sim, obviamente. Se fosse a eleição isolado do Estado, teríamos outro caminho. Eu acho que se estivesse em jogo apenas o Rio Grande do Norte deveríamos lançar candidatura ao Governo, construir outras alternativa, porque existe um esgotamento na política do Estado. Mas está em jogo o Brasil. O Rio Grande do Norte entra no debate nacional, na mesa de negociação nacionalmente.

E o PT abriu diálogo com outros partidos?
Dialogamos antes com os partidos que estavam na oposição ao Governo Rosalba. Não conversamos com o PMDB local sobre 2014. A nossa rodada de conversa com os partidos foi definida pela oposição a Rosalba. Agora é outro desenho. O PMDB está no processo de definição da candidatura ao Governo e não tem essa decisão. Anunciou que vai definir isso em março. Esse é o nosso recorte. Nacionalmente, fomos orientados a debater com os partidos que estão no campo de aliança da presidenta Dilma.

Há possibilidade do PT do Rio Grande do Norte aceitar o PSB nessa coligação?
O PSB não está na aliança nacional, é adversário da presidenta Dilma.

Então, não há possibilidade de diálogo com o PSB?
A orientação é buscar o campo de aliança com os partidos que integram a base da presidenta Dilma. E vamos cumprir essa orientação. A definição será em comum acordo com a direção nacional. A se manter essa orientação, o PSB está fora do arco de aliança de 2014. O PSB tem candidato (a presidente) em 2014. Então, está fora.

Mas há informação de que a ex-governadora Wilma de Faria estaria em diálogo para formar uma chapa de oposição, uma coligação...
Não foi discutido isso nacionalmente. Fizemos reuniões com a direção nacional do partido e não recebemos nenhuma informação da possibilidade do PSB formar aliança conosco. Não vou ficar no campo da especulação. O que se tem é a possibilidade de formar aliança com os partidos da base da presidenta Dilma.

Então o PT não aceita formar aliança com um partido que esteja fora da base aliada da presidenta Dilma?
À sua pergunta simples, vou dar uma resposta simples: para consolidar aliança tem que ter uma decisão nacional.

O PT, nas eleições recentes, tem conquistado uma cadeira na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. Uma candidatura de Fátima Bezerra ao Senado não coloca em risco essas vagas?
Em uma eleição não se tem garantia de nada. É sempre um risco. Há sempre uma disputa de espaço. Isso vale para mim, para Fátima, para todos. Eu acho que há um espaço para inovar a representação política no parlamento — quer seja na Assembleia, na Câmara e no Senado — e também no Governo. Existe um esgotamento da representação política no Estado. E Fátima tem um trabalho no Rio Grande do Norte. As eleições são sempre disputadas, de vereador a presidente da República... Não há garantia de vitória. O partido vai avaliar o caminho a seguir.

E o senhor se coloca em que posição para a disputa? Pretende disputar qual mandato?
Não está definido. O que temos dito é que a prioridade do PT é trabalhar o Senado, manter a cadeira na Câmara e ampliar a representação na Assembleia Legislativa. Estou à disposição. Se tiver um debate e o partido sentir que eu tenho condições para representar na Câmara Federal, estou à disposição. Mas meu desejo no cenário que está posto, é ser candidato à reeleição. Mas vamos ver.

‘Nunca passamos por tamanha crise’

E o projeto de candidatura a governador?
Na realidade, eu queria ser candidato a governador, mas não sendo, vamos analisar com uma rede de colaboradores qual o caminho a seguir. É público e notório que tinha colocado meu nome como candidato a governador. No entanto, essa posição não existe mais. Tinha vontade de ser candidato, como todos que acompanham a discussão no PT sabem.
 
Está descartado esse projeto em 2014?
Totalmente descartado por essa tática nacional. Se fosse só o Rio Grande do Norte, seria mais fácil, mas não é. Eu tenho perfeita noção do que significa a questão nacional. Eu não deixo de reconhecer que existe uma circunstância na qual os mesmos atores polarizam a política local e, nessa situação, há um espaço para inovação. A sociedade tem a expectativa de buscar outro caminho. Mas, como sou disciplinado, acato a decisão nacional.

Há uma insatisfação com essa decisão nacional e com a falta de apoio na campanha de 2012, quando o senhor foi candidato a prefeito?
Não tem insatisfação. Tem um entendimento. Não tive apoio de parcelas do PT de Natal em 2012. O PT nacional também teve outras prioridades. Eu compreendo. Faço política e sei quais são as regras do jogo. Integro um partido e acato as decisões. Gostaria, claro, que em alguns momentos tivesse sido diferente. Mas não é que seja uma insatisfação. A questão não é esta.

Há possibilidade de discutir uma candidatura do senhor ao Senado?
Não, possibilidade zero. O cargo majoritário para o qual eu tinha me colocado é ao Governo. Se meu nome não teve chance de viabilidade por uma tática nacional, não vou me colocar ao Senado. Zero de possibilidade.

E na discussão do nome do PMDB, o PT como se coloca nesse debate?
A decisão é acatar o nome definido pelo PMDB. Trata-se de uma decisão do PMDB. A direção nacional informou que o
PMDB terá candidato ao governo, mas não apresentou o nome ainda. Certamente apresentará no momento oportuno.

Alguns nomes foram ou estão sendo cogitados, como o do ex-ministro Fernando Bezerra. Já foram citados, em outros momentos, o do deputado Henrique Eduardo Alves, o do ministro Garibaldi Filho. Há alguma preferência do PT?
Eu respondo por mim. O nome é indiferente. Não posso responder pelo PT, porque não houve esse debate no partido. Para mim, não há como falar em preferência. A decisão é do PMDB. O candidato é do partido. Se o candidato é do PMDB, cabe ao PMDB escolher. Não se fulaniza a política. Trato de concepção. Qualquer que seja o nome e o partido, o candidato que queira reconquistar a sociedade, tem que apresentar algo novo. Se for o mesmo discurso, será levado ao fracasso. A sociedade precisa de outro projeto e outras propostas. Quem conhece o mínimo da história do Estado, sabe que nunca passamos por uma situação de tamanha crise, que se espalhou por todos os setores como agora.

Então não é tanto um problema de nomes neste momento...
O Rio Grande do Norte tem perdido oportunidades e não será com arroubos, com salvador da pátria, com blá-blá-blá, que vamos enfrentar esse problema. Se for por aí, será o caminho da derrota. É preciso fazer um debate sério com a sociedade sobre os caminhos do Estado, da economia, do desenvolvimento, da estrutura que está carcomida, caduca, que não responde às demandas da população. É preciso, então, buscar uma maneira de recuperar esse tempo. Perdemos muito. Haverá muitas dificuldades. Quem prometer facilidade, estará mentindo, fará demagogia. O Rio Grande do Norte precisará de um longo período para recuperar esses períodos de crises administrativas das quais tem sido vítima.

O PT espera reciprocidade em 2016 com o apoio do PMDB para uma candidatura à Prefeitura?
Não. Cada eleição é uma situação. Não vamos tratar dessa maneira. Seria equivocado abordar 2014 do ponto de vista de 2016. A situação do Estado é de desmonte da máquina pública e da administração. A sociedade rejeita esse tipo de abordagem. Até agora o único nome de candidatura assumida ao governo é de Robinson Faria [atual vice-governador] do PSD. Isso mostra a crise. Então, há 90% da população rejeitando o Governo e apenas um candidato apresentado. Os demais partidos não colocaram seus projetos e nomes. Isso representa a crise profunda a respeito da qual sempre tenho falado. Seria muito equivocado em uma conjuntura desta falar em 2014 a luz de 2016 ou 2018. Infelizmente sabemos que essa é a marca da política local.

Mas, diante do desempenho que o senhor teve em 2012 na candidatura a prefeito, não vislumbra concorrer novamente em 2016 ao mesmo cargo?
Não, não vislumbro, porque uma das coisas que aprendi, e espero que o PT como um todo tenha aprendido, é que eleição não se repete. Temos vários exemplos disto. Cada eleição é uma história. A eleição de 2012 foi um momento. Passou. Não vai se repetir. Teve uma condição específica. O partido vai fazer o debate no momento certo. Mas essas questões não se dão em linha reta: o desempenho tal em 2012 não vai ter implicações, necessariamente, em 2016. Temos tristes experiências que demonstraram essa realidade. Espero que tenhamos aprendido. Eu aprendi.

A perspectiva da eleição nacional é de uma campanha acirrada, principalmente com a presença de um ex-aliado, o governador de Pernambuco — Eduardo Campos —, na disputa?
Vai ser duríssima, muito densa ideologicamente. E o PT não poderá ficar apenas comparando com o passado. Precisará apontar o que quer para o futuro. E o partido está trabalhando para isso. Essa é a disputa na sociedade. Mas é uma boa disputa. A sociedade melhora com isso, com o explicitamento das posições, com os diversos setores assumindo os posicionamentos políticos. Às vezes temos uma situação muito misturada na política nacional. Então, será uma campanha muito dura e espero a possibilidade de ter uma clarificação de campos e definições de caminhos.





Liberalização da maconha... Ponto e contra ponto

Com a decisão histórica do Uruguai de legalizar e regulamentar a compra, venda e consumo de maconha no país, e de estados norte-americanos de permitir a venda para fins recreativos, como no Colorado (EUA), o assunto da legalização das drogas volta ao centro do debate também no Brasil. O tema ganha as ruas e a força do antagonismo entre prós e contras também. Nesta edição do Ponto Contraponto,  convidamos o advogado Marcos Guerra, vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RN) e o coronel Francisco Canindé Araújo, comandante da Polícia Militar para opinar. Os dois lados são capazes de enxergar perspectivas  completamente opostas em relação, por exemplo, ao

futuro do tráfico de drogas. No Brasil, pela lei 11.343, de 2006, o uso de drogas, entre elas a maconha, é considerado crime, embora não passível de prisão. A lei em vigor determina que o crime de porte de substância entorpecente para uso próprio não impõe mais pena de detenção ou reclusão. Neste  caso, as sanções têm cunho socioeducativo. Já para quem é enquadrado como traficante, a pena é mais dura e varia de 5 a 15 anos. Pelo mundo algumas experiências podem ser destacadas. A Holanda foi o primeiro país a autorizar o uso da maconha, em 1976. Alemanha, Espanha, Itália e Portugal enxergam o uso de drogas como caso de saúde pública e não de polícia. Um cidadão italiano pode ter a prisão revogada caso aceite se submeter a um programa de recuperação controlado pelo Ministério da Saúde.

Portugal descriminalizou o uso de substâncias psicoativas em 2000. Os usuários apanhados são encaminhados para tratamento médico e podem ter de pagar multa.

Inglaterra e Austrália adotaram novas abordagens em 2001. O britânico pego em flagrante não é punido. O governo australiano abriu salas especiais para viciados em heroína, que é injetada sob supervisão médica. Espanha e Alemanha desenvolveram programas semelhantes.

Abaixo íntegra dos dois artigos:

Por que não

Francisco Canindé Araújo
Coronel e Comandante da Polícia Militar do RN

Nesses tempos de restrição ao uso do fumo, de limitação ao consumo do álcool, parece-me incompreensível a campanha pela liberação da utilização da maconha. Os argumentos favoráveis são diversos. Um deles tem relação com a área que atuo e é o seguinte: o Estado não tem condições  de exercer controle efetivo sobre o tráfico e, portanto, sua liberação diminuiria a criminalidade.

É fato que as drogas estão consumindo a saúde e a vida de muitos jovens e de suas famílias, nas capitais do Brasil e nas cidades pequenas do interior. Tenho 49 anos de idade, 30 anos de serviço policial. Durante esse tempo, aprendi que os pés de maconha não nascem nas portas das casas de pais de família ou nos portões das escolas. Também sei que os cigarros não andam com seus próprios pés. Sempre existe alguém que obtém benefício financeiro com a venda da droga. Essa realidade não muda com a legalização.

Se buscarmos exemplos no mundo, podemos verificar o que aconteceu na Holanda, onde o objetivo da descriminalização da maconha era diminuir o consumo de drogas pesadas. Os holandeses acreditavam que a compra aberta tornaria desnecessário recorrer ao traficante. O problema é que Amsterdã atraiu “os turistas da droga” dispostos a consumir de tudo, não apenas a maconha. O criminologista holandês Dirk Korf, da Universidade de Amsterdã, afirma categoricamente que na atualidade a população está descontente com essas medidas liberais, pois elas criaram uma expectativa ingênua de que a legalização manteria os grupos criminosos longe dessas atividades.

Segundo o jornalista Thomaz Favaro, em Zurique, na Suíça, também foi necessário dar marcha à ré na tolerância às drogas. O bairro de Langstrasse, onde as autoridades toleravam o uso aberto de drogas, tornara-se território sob controle do crime organizado. Em Copenhague, na Dinamarca, as autoridades fecharam o cerco ao Christiania, o bairro ocupado por uma comunidade alternativa desde 1971. A venda de maconha era feita em feiras ao ar livre e tolerada pelos moradores e autoridades, até que, em 2003, a polícia passou a reprimir o tráfico de drogas no bairro. Em todas essas cidades, a tolerância em relação às drogas e ao crime organizado perdeu a aura de modernidade.

O crime organizado está atrelado ao tráfico de drogas, que por sua vez tem relação direta com a violência em nosso país. Mas essa óbvia constatação não pode justificar a liberação da maconha. Devemos, ao contrário, fortalecer as polícias no seu combate.
Posso afirmar, com toda a convicção que sou a favor da criminalização das drogas, mas precisamente a favor da criminalização de pessoas que viciam crianças e adolescentes, que destroem famílias e que matam diariamente viciados com os chamados acertos de contas por dívidas de drogas. As drogas não são perigosas por serem proibidas e sim, devem ser proibidas por serem perigosas.


Francisco Canindé Araújo, coronel e Comandante da Polícia Militar do RNFrancisco Canindé Araújo, coronel e Comandante da Polícia Militar do RN

Por que sim

Marcos J C Guerra
Advogado, Professor de Direito dos Estrangeiros na UFRN

Maconha numa empresa estatal? O mercado local manipula hoje 30 a 40 milhões de dólares por ano, num país com pouco mais de 3,5 milhões de pessoas. Num mercado regulamentado a erva poderá ser comprada nas farmácias, bastando registrar-se e comprovar residência. Cabe-nos aplaudir a capacidade de inovar, de assumir a responsabilidade de trilhar novos caminhos. A comunidade internacional não pode mais ignorar o problema. Esta semana, o Colorado liberou a venda da maconha para maiores de 21 anos, após laboriosa regulamentação e conforme decisão de maioria dos eleitores do Estado em novembro de 2012. Temos que encarar um debate sério e democrático sobre o assunto, considerando os múltiplos aspectos em presença. Desde os mais ligados à liberdade individual até os que se referem às políticas públicas de saúde, educação e segurança.

Não se trata de copiar nenhum dos 20 países que liberaram a venda, com diferentes particularidades. Mas o nosso país não pode esconder o problema. Aqui também fracassou a política repressiva preconizada há mais de 100 anos pela ONU e pelos Estados Unidos. Crescem os problemas, muitos perdedores são atraídos para um círculo infernal, quase sempre sem volta. A  quem interessa manter a situação atual e por que o fazemos?

Há uns 15 anos, o Uruguai tenta modificar o entendimento sobre o uso da maconha. No país, onde o consumo e a posse não eram ilegais, a legalização do uso da droga faz parte da agenda dos partidos políticos. Desde 2010, o Parlamento debate como facilitar os canais para o acesso à maconha, como uma das formas de afastar consumidores de cocaína e outras “drogas duras”.  Em 2011, aumentou a criminalidade associada ao narcotráfico.  Nenhuma morte ligada ao consumo e 82 mortes ligadas ao tráfico.  No exercício de sua soberania, o país decide mudar as regras do jogo e paradigmas, abandonar dogmas, identificar e combater as causas, e o narcotráfico. Não quer continuar a fazer “mais do mesmo”, esperando resultados diferentes. 

Uma crise do sistema penitenciário, que penaliza sobretudo os pequenos vendedores e as “mulas”, revela a necessidade de uma análise conjunta das políticas de fiscalização e repressão de drogas, e dos instrumentos de direitos humanos. Atividade que alimenta outros crimes, como a corrupção, o tráfico de armas e de pessoas, a lavagem de dinheiro. Para controlar a oferta e reduzir o consumo, definiram uma estratégia de implantação 2011-2015. Com educação, prevenção e assistência, pretendem atingir o que em 8 anos conseguiram com o tabaco.

No Brasil conhecemos a grave crise do sistema carcerário. Num sistema ineficaz e permeável à corrupção e à violência, gasta-se mais com prisões que com escolas e os presos ligados às drogas representam 25%. Por que continuar a fazer “mais do mesmo”?  Sem mudanças, a ONU indica que o uso das drogas poderá atingir 25% da população mundial em 2050. A questão é complexa, e antiga.  Uma nova reunião da Comissão da ONU deve ocorrer em Viena, em março próximo.  Deve pautar novas atividades que preparem uma decisão histórica da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2016.  Qual contribuição efetiva poderia ser elaborada pelo Brasil? Como contribuir para mudar aqui também?

Marcos J C Guerra, advogado e Professor de Direito dos Estrangeiros na UFRNMarcos J C Guerra, advogado e Professor de Direito dos Estrangeiros na UFRN





Erros em nome da Saúde

Manter uma alimentação balanceada e praticar alguma atividade física regular é uma recomendação recorrente da maioria dos médicos. Mas será que isso é realmente suficiente para se ter uma vida saudável? Na busca por ter uma saúde cada vez melhor, muitas pessoas acabam cometendo alguns deslizes, baseadas no que ouviu alguém falar, em dicas e hábitos equivocados.

Na tentativa de ser saudável, algumas pessoas cometem pequenos equívocos cotidianosNa tentativa de ser saudável, algumas pessoas cometem pequenos equívocos cotidianos

Há quem pense que o fato de malhar demais lhe credencia a perder algumas horas de sono ao longo da semana. Já outros acham que para ter uma saúde boa basta pegar pesado na malhação.

E o que dizer de quem se preocupa com a alimentação mas sequer ler os rótulos dos produtos quando vai ao supermercado? Ou então acha que os alimentos orgânicos são sempre os melhores e monta sua própria dieta, sem ouvir um profissional de nutrição...

Lembre-se de que a obsessão por uma dieta saudável também pode representar um problema. A fixação por comida “do bem” o tempo todo, todos os dias, pode trazer alguns inconvenientes e estresse. Não há problema em se permitir ir a um restaurante jantar com os amigos ou com a namorada.

Nosso organismo necessita de água regularmente. O maior sinal disso é o aviso constante de sede ao longo do dia. Mas o que você bebe quando está sedento? Tem quem prefira beber um refrigerante do que água. Isso é certo? Para se ter uma ideia, é necessário beber 32 copos de água mineral para amenizar a agressão dessa bebida ao organismo. A concetração hidrogeniônica do ‘refri’ — ou seja, concetração de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução aquosa — é de 100 mil vezes. 

E não há tanta diferença entre os tipos “zero” e normal. Para se produzir o primeiro são necessárias 18 substâncias químicas combinadas. Incluindo aí o sódio, causador de hipertensão. 

Na verdade, ser saudável o tempo todo não é tarefa das mais fáceis. Ser saudável não é só ver os dígitos da balança baixarem. Não há uma fórmula mágica para ter uma saúde satisfatória. Mas evitar alguns erros em combinação com a clássica dupla dieta balanceada mais exercícios físicos já é um grande passo.







Os caminhos da transposição

A luta do ex- ministro da Integração Aluízio Alves, no Governo do Presidente Itamar Franco, foi bastante dura para que o projeto da “ Transposição das Águas do São Francisco” encontrasse um meio seguro para o seu andamento e, concretização. Não descansava o ministro enquanto não estivesse confirmado o começo do projeto, diante das necessidades do Nordeste, levando água para assegurar o trabalho do agricultor e, livrá-lo dos nocivos efeitos das secas periódicas. O agricultor, realmente, precisava da água, para tocar pra frente a sua lavoura de milho, feijão e tantas outras culturas. Desse modo, estava o Governo Federal, realmente, comprometido com a sua realização e o presidente Itamar Franco foi um forte aliado na conquista de um projeto que irá beneficiar Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

A segunda fase dessa luta estava a cardo do presidente Lula. E, de início, lutou para que as obras continuassem, enfrentando opositores de todos os lados. Um Bispo da Bahia entrou na luta contra essa iniciativa do Governo, fazendo greve de fome e o presidente Lula não cedeu às ameaças, inclusive, de técnicos de órgãos governamentais. Era preciso, realmente, vencer os obstáculos no trabalho já iniciado, na construção de canais que levariam água para o Nordeste. Para complicar, a construtora responsável pela obra demitiu perto de mil operários, criando obstáculos para o trabalho já realizado. Superando os problemas, mais recursos foram liberados pelo Governo, desfazendo sua paralização. A região do semiárido é uma área das mais atingidas pela falta d´água. Isso fico no Rio Grande do Norte, deixando o agricultor  com eternos problemas na sua prática agrícola e pessoal, familiar, etc.

No Governo da presidente Dilma Roussef e diante das constantes reclamações em torno do projeto, o Governo Federal resolveu elevar os recursos para dar continuidade aos trabalhos na abertura de canais. É um trabalho, exclusivamente a cargo do Ministério da Integração que levaria água para o sertão de Pernambuco, beneficiando mis de uma dezena de cidades. É um esforço do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aproveitando o sistema que será implantado para beneficiar uma maior área do Estado. A respeito dos trabalhos, o que se pode lamentar, é que há outros interesses do Governo na realização de planos envolvendo o Nordeste e a presidente tem demonstrado interesse na solução desses planos. Todavia, os trabalhos ligados à Transposição precisam ter continuidade. É um projeto que vem desde o Governo do presidente Itamar Franco, do presidente Lula e, já agora, no governo de Dilma Roussef. Lamentavelmente, as obras andam a “passos de tartaruga”. Pelo menos, é o que se vê.


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